(*) Cláudio Roberto Sorge
Alguém já
disse certa vez que os olhos são as janelas da
alma. Esse ditado popular é muito conhecido , porém na correria do
dia-dia acredito que passe despercebido de muita gente, ocorre que curiosamente dias atrás constatei o olhar de
um policial militar que inquietou-me e ao mesmo tempo remeteu-me a esse ditado.
Para explicar
melhor como isso aconteceu , preciso
ressaltar que no exercício do comando do batalhão da Polícia Militar sediado em
Limeira/SP , tenho semanalmente as terças-feiras , o privilégio e a honra de
presidir uma solenidade militar que serve para reforçar o treinamento recebido
pelos policiais militares do Curso de Formação de Soldados que aqui se
desenvolve e também à tropa pronta que aqui trabalha.
Dentre outros
aspectos, essa solenidade também tem o
condão de homenagear policiais militares veteranos , ou seja aqueles que estão
em gozo de sua aposentadoria, indo ao encontro da política institucional de
valorização profissional, afinal como todos dizem nunca deixam de ser policiais
militares. Nesse sentido há um momento
em que os veteranos são chamados à frente dos policiais perfilados, para
materialização da homenagem e nesse exato momento, dias atrás, percebi o tal
olhar que causou-me o estranhamento.
Constatei que o olhar aparentemente um pouco cansado do
velho soldado encontrou-se com o olhar firme e inquieto do jovem soldado em
formação acadêmica. O primeiro, já não tão atlético , os cabelos brancos já
começavam a rarear e as rugas em torno dos olhos já mostravam-se bem marcadas.
O segundo perfeitamente atlético em razão do treinamento diário, cabelos aparados
ao corte militar e o rosto sem ruga alguma. Pude entender perfeitamente o que
ocorria ... passado , presente e futuro
encontravam-se como num passo de mágica,mesmo que isso seja aparentemente impossível
de acontecer.
O olhar do
jovem soldado parecia reverenciar a experiência do veterano . Por sua vez o
olhar do veterano parecia maravilhado como que reverenciando a pujança da
juventude dos neófitos envergando a farda nova , o reluzente cinturão com
equipamentos que à época dele não existiam .
Em virtude
dessa inquietação, ocorreu-me dirigir meu olhar à família que acompanhava um daqueles veteranos e qual não foi minha
surpresa ao vê-los com os olhos marejados ante a constatação da emoção quase
indisfarçável do veterano, o qual
sutilmente tentava ocultar uma lágrima que escorria –lhe pelo rosto.
Estávamos
contemplando almas simples , porém
grandiosas e nobres , que escrevem suas histórias com o suor do trabalho
, compromissadas com a principal missão da corporação que é proteger as
pessoas.
Veteranos , voltem
sempre que quiserem, serão muito bem
vindos!
(*) é Comandante Interino do 36º BPM/I
Seção de Comunicação Social do CPI-9
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