A CULPA É DO BANDIDO E NÃO DA POLÍCIA
(*) Humberto Gouvêa Figueiredo
Uma inverdade dita repetidas vezes e de
forma enfática, gera a impressão de que é uma verdade...
Assim acontece
na segurança pública: assistimos a imprensa, principalmente, e também algumas
pessoas da sociedade, autoridades ou não, especialistas ou leigos, diante de um
conjunto de crimes ou de um caso grave em concreto, atribuir o problema da
violência e da insegurança a uma “pseudo” ineficiência ou ineficácia da Polícia.
Isto é muito
comum!
Todo dia, toda
hora, basta ligar o rádio, a TV, ligar o computador ou folear as páginas
policiais dos jornais, ou ainda discutir o assunto com algumas pessoas para
constatar que este é o entendimento predominante.
Compreensão
equivocada e construída a partir da repetição de uma mesma mensagem, muitas
vezes e no mesmo sentido.
A culpa do
crime, de um acontecimento de um fato indesejável ao conjunto da sociedade é
sempre do criminoso!
Todos nós,
sociedade, temos que ter isso em mente para não cometermos a injustiça de culpar
as Instituições que tem a atribuição de prevenir ou reprimir as práticas
delitivas como as responsáveis pelo seu acontecimento.
O crime ocorre
por uma conduta voluntária e deliberada do infrator da lei, que se arvora no
direito de subtrair a vida, o patrimônio, a liberdade, enfim, de praticar o mal
contra seu semelhante.
Não é a Polícia
que estimula o criminoso a agir: ele age muitas vezes porque tem a certeza da
impunidade pois, é importante que se diga, vivemos num país com leis brandas,
de aplicação demorada e com inúmeras possibilidades de recursos, fatores estes
que não estão sob a égide da Polícia resolver.
Ao,
equivocadamente, transferir para a Polícia a responsabilidade pelo
acontecimento do crime, o resultado que se alcança é o desprestígio das Instituições,
sua desvalorização e, principalmente, a desmotivação de seus integrantes, que,
incansavelmente e quase sempre sem reconhecimento, lutam bravamente (não poucas
vezes com o sacrifício da própria vida) para manter a paz e o equilíbrio
social.
Conclamo a
todos para que, doravante, tenham um olhar diferente para este cenário e,
sempre diante de um acontecimento indesejado, apontem como culpado quem de fato
o é, o bandido, e não quem está do outro lado, o da lei e da sociedade, que são
os policiais.
(*) é Coronel da Polícia Militar, Comandante do
Policiamento da Região de Piracicaba.
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