sábado, 21 de março de 2015

OLHANDO PARA O PRÓPRIO UMBIGO...

(*) Humberto Gouvêa Figueiredo

Estamos sendo bombardeados por todas as emissoras de televisão com notícias sobre uma decisão da Oitava Turma do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que descaracterizou o crime de homicídio triplamente qualificado praticado por dois ativistas do movimento chamado Black Bloc contra um cinegrafista da rede Bandeirantes de Televisão, durante as manifestações de 2013.

Os ativistas haviam sido presos logo após a prática do crime e estavam recolhidos num presídio do Rio de Janeiro até serem libertados, na data de hoje, por ordem da Justiça Estadual, vez que o novo enquadramento penal lhes permite responder o processo em liberdade, obedecendo algumas condições postas pelo Poder Judiciário.

Alguns aspectos sobre este caso chamam a atenção e merecem uma reflexão de toda a sociedade.

Preliminarmente devo dizer que as minhas colocações em nada desvalorizam a vida do profissional Santiago, que naquela ocasião cumpria a sua função e que, até pela sua experiência no trabalho que desenvolvia, tinha noção exata dos riscos que corria na oportunidade.

O ponto inicial que me chama a atenção é o fato do desproporcional destaque dado ao episódio pela imprensa pelo simples motivo da vítima ser da área: estamos assistindo o que não é usual, uma emissora citando nominalmente a outra, dando peso a esta morte como se ela fosse mais importante do que as outras...e de fato não é!!!

Mas é outro aspecto que quero enfatizar nestas minhas breves linhas: a imprensa não fala (ou se fala, o faz sutilmente) que a vítima objetivada pelos ativistas não era Santiago ou qualquer outro integrante da mídia que cobriam e, de certa forma, davam importância aos protestos: como chegaram a declarar os réus neste processo, durante as investigações realizadas, o rojão foi disparado contra policiais militares que lá estavam para manter e restabelecer a ordem e acabou atingindo Santiago por acaso.

Mataram um cinegrafista quando de fato pretendiam (por dolo eventual) matar um policial militar.

E é neste ponto que vem a minha indagação: os mesmos veículos de comunicação estariam hoje destacando este episódio se tivesse morrido quem de fato eles queriam atingir, ou seja, se a vítima tivesse sido um policial militar???

Não é preciso responder.... até pelo fato de que já assistimos muitos policiais sendo mortos e notícia sendo apresentada lá no final da página ou numa breve menção no rádio ou na TV, que não poucas vezes sequer cita o nome de quem morreu defendendo a sociedade...

Uma imprensa que se diz livre, mas que olha para o próprio umbigo, em minha opinião, pouco colabora na construção de uma nação mais igual e com menos violência.

É o que penso!

(*) é Coronel PM e Comandante do Policiamento da região de Piracicaba

 

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