terça-feira, 3 de março de 2015

AMOR POR QUEM SE COMANDA

(*) Humberto Gouvêa Figueiredo

O exercício da atividade de comando não é uma missão simples: ao contrário do que se pode imaginar é uma complexa tarefa que exige de quem a exerce muitas virtudes, capacidade, conhecimento e, principalmente, sensibilidade no trato com as pessoas.

Comandar seres humanos não significa transformar-se em alguém maior ou mais importante, mas sim em agente responsável por fazer com que os objetivos sejam atingidos a partir do envolvimento, e com a adesão, de todos aqueles que fazem parte da equipe sob sua responsabilidade.

Muitos daqueles que exercem comandamento, nos mais diversos níveis, não poucas vezes se confundem, se perdem no poder que imaginam possuir e se esquecem que o sentido do comando consiste justamente na proximidade com o colaborador, com o seu envolvimento em relação às ordens emanadas.

Comandar, nada mais é do que mandar junto.

Todo este preâmbulo eu faço para abordar um episódio que foi para mim marcante e que, confesso, nos meus mais de 30 anos de serviço ativo na Polícia Militar do Estado de São Paulo, nunca outrora havia assistido.

O fato a que me refiro diz respeito ao falecimento em serviço do Soldado da Polícia Militar Fernando Esnilherson Nascimento, do 27º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano e, objetivamente, à postura exemplar do Comandante Geral, Coronel Ricardo Gambaroni neste contexto.

Comandar pessoas nos momentos de festa e confraternização, ou ainda quando tudo caminha bem, é mais fácil.

A dificuldade se acentua quando situações indesejadas ocorrem: e foi assim com a morte do Soldado Nascimento.

O líder maior da Polícia Militar esteve na Base Aérea de Cumbica na madrugada do dia 01/03, acompanhando as homenagens prestadas ao herói policial militar e o translado de seu corpo num avião da Força Aérea Brasileira para a cidade de Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, lugar onde morava sua família, que desejava que lá ele fosse sepultado.

Numa atitude de um simbolismo enorme, que retrata o tamanho da sua sensibilidade, do seu amor e respeito pelas pessoas que comanda, o Coronel PM Gambaroni não se limitou a cumprir com as suas obrigações protocolares, prestando as últimas homenagens ao Soldado PM Nascimento em solo paulista.

Imagino que deve ter vindo à mente do Comandante a imagem da mãe do policial militar falecido, que nos entregou um homem para servir à sociedade paulista e que receberia agora apenas um corpo sem vida, um cadáver.

Num ato de muita humildade e de respeito por seus comandados e de grande exemplo aos demais líderes da Instituição, o Coronel Gambaroni viajou para a cidade de Juazeiro do Norte, para pessoalmente acompanhar o féretro e o sepultamento de um jovem que tinha sonhos e que perdeu a vida defendendo quem sequer conhecia.

Certamente o Comandante teve o seu coração apertado ao olhar para o rosto da mãe do Soldado PM Nascimento para lhe transmitir os sentimentos de pesar de toda a família policial militar. Apesar de dor, deve ter olhado nos olhos daquela pobre mulher de coração partido, e lhe dado o abraço fraterno  que representou a cada um de nós.

Foi uma grande lição...a maior que tive em tanto tempo comandando...

A certeza de que ainda tenho muito que aprender...


(*) É Coronel da Polícia Militar e Comandante da região de Piracicaba

































SEÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CPI-9


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